sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Curtas da Dona Maricota



Criança pode ser tudo de bom. Ainda mais sobrinho, que normalmente a gente aproveita a melhor parte, a da diversão. A minha, Dona Maria Clara, me proporcionou momentos hilários. Fora suas incríveis teorias para as coisas do cotidiano. Aos cinco anos, sua capacidade de observação é assustadora. Pelo que ouço dizer, a maioria das crianças anda muito esperta e é ótimo acompanhar isso de perto. Reuni o que me lembro de tê-la ouvido falar ultimamente:

********** ********* ********** ********** ********** ********** *********

Maria Clara olhando para uma figura de um brasão:

- Tia Karina, eu sei de onde é esse desenho. É do filme Piratas do Carimbo!

********** ********* ********** ********** ********** ********** *********

No carro:

- Vovô, o que é aquela mánica? (Olhando para uma construção).

E eu:

- Máquina, Maria?

- Mánica!

- Fala: ma...

- Ma...

- Qui...

- Qui...

- Na...

- Na...

- Máquina!

- Mánica!

E o avô:

- Ah, é uma máquina de fazer bolo!

- Não é não, vovô. Aquilo é uma mánica de fazer cimento.

********** ********* ********** ********** ********** ********** *********

No consultório, o médico:

- Maria Clara, vou fazer um eletro em você. Vou colocar esses pregadores, mas não vai doer nada.

Maria, com cara de desconfiada:
- Não dói?

- Não. Ninguém chora. Só um menino chorou uma vez, mas não foi porque doeu.

- Ahhhh...

Dois minutos depois:

- Médico, não tá doendo nada.

Mais um tempinho:

- Médico, você falou a verdade, não dói mesmo. O menino que chorou é bobo, né?

Logo depois, avaliando os objetos da mesa do médico, começou:

- Médico, o que é isso?

- Um enfeite.

- E esse aqui?

- Um carimbo.

- Nossa... E essa caneta, posso levar?

********** ********* ********** ********** ********** ********** *********

No shopping, querendo brincar numa praça de eventos com atores caracterizados como persongens do "Chaves":

- Vamos dar só uma passadinha lá?

- Já, já, Maria Clara, deixa eu só ver uma loja aqui.

- Tá bom, pode ver que eu deixo; escolhe uma sandália bem bonita, que combine com a minha Tia Karina linda, a tia mais legal do mundo que eu amo amo amo!! Primeiro minha tia!

Fomos ao evento. Ao sairmos:

- Que legal, Tia Karina, eu vi o Chaves, o Kiko e a Chiquinha...

- Que bom que você gostou!

- Eu sei por que o Seu Madruga e a Dona Clotildes não estavam lá...

- Por quê?

- Porque eles morreram na vida real...

********** ********* ********** ********** ********** ********** *********

Sobre a Janis:

- Tia Karina, a Janis ainda é um cachorro bebê?

- Ela é sim, está aprendendo as coisas; mas ela não pensa como você...

- Ahhhh... E quando ela vai começar a falar?

********** ********* ********** ********** ********** ********** *********

Respondi que quando a Janis começar a falar, terei um problema sério...



segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Eleições 2008



Domingo, dia 5, aconteceram as eleições para prefeito e vereador. Não emitirei aqui minhas opiniões sobre política, etc., mas quero contar minha experiência trabalhando para a realização desse momento importante e um pouco desvalorizado do exercício da nossa cidadania (oh!).

Trabalhei como assistente do TRE numa faculdade onde vota a elite paulistana. Elite mesmo. Desfile de Pradas, Chanéis e Diors, creio eu que originais, um ou outro talvez da Pagé. Ar de desprezo pelo ato de votar. Lógico, não vamos generalizar, não era todo mundo e tal. Até porque havia muitas babás e empregados justificando a impossibilidade de votar, assim como também havia gente interessada em votar para levar ao poder esse ou aquele candidato que melhor lhe parecesse. Mas é muito, muito interessante observar um mundo diferente do nosso...

Bom, para começar, foi designado pela situação um segurança do local para tomar conta de cães. No início, até permitiram a entrada de um cão ou outro, mas a variedade de raças caras foi aumentando, o que levou a segurança do local a proibir a entrada dos animais, pois vai saber, de repente eles poderiam influenciar o voto de alguém e boca de urna é proibida. E se por um descuido dos donos o west highland terrier começasse a se interessar pela chow chow? Acudir no meio do voto para vereador não seria nada fácil.

Divertido, porém, foi informar o local de votação dos eleitores perdidos. E tinha gente perdida mesmo. Apresentava o RG e eu informava a sala. Ou não, porque muitas pessoas não constavam na lista. Quando isso acontece, normalmente é porque o eleitor não vota há muito tempo ou porque tem problemas com a justiça. O difícil é convencê-lo, na maioria dos casos, de que não vota faz tempo. A teimosia imperou:

- Eu tenho certeza de que votei na última eleição pra prefeito, votei até na sala tal. (Cinco minutos depois a pessoa se lembrava que não votava desde que elegeram o Collor).

- Você procurou direito? Vai ver escreveram meu nome errado (mesmo eu tendo procurado todas as opções de “erro”).

Ou ainda:

- Votei aqui embaixo, nunca deixei de votar! (“embaixo”, no térreo, nunca houve seção de votação).

Essa última foi a mais difícil. Indiquei-lhe o cartório para resolver o problema, o único lugar que poderia resolver, mas ela não queria saber:

- Não vou até lá (a cinco minutos de carro de onde estávamos). Não vou perder meu tempo por um erro deles! Deles! Quem é o seu superior?

Não temos “superiores”. Chamei uma pessoa mais experiente, que informou à senhora a mesma coisa.

- Não vou lá mesmo (meia hora depois). Quero que alguém aqui se responsabilize. Quero um comprovante de que estive aqui e não pude voltar. Sem isso não saio daqui.

O “superior” lhe disse:

- Vou fazer um papel sem timbre, só com meu nome, dizendo que você esteve aqui. Não valerá absolutamente nada...

- Mas eu quero mesmo assim.

E resolvida a situação da maneira mais ineficiente possível para ela, que acreditava estar em grande vantagem.

Ainda houve o momento celebridades. Um candidato a prefeito (mesmo depois do “Nunca mais votem em mim se fulano não for um bom prefeito” – e fulano foi o pior prefeito que a cidade já teve) foi votar acompanhado de uma legião de repórteres, que se enroscavam nos fios uns dos outros. A entrevista do candidato foi hilária, com direto a tapinhas nas cabeças de uns garotos:

- Adoro criancinhas!

Os repórteres não disfarçavam o riso.

- Quem o senhor vai apoiar no segundo turno?

- Vocês têm que perguntar quem vai me apoiar no segundo turno!

Mas o melhor foi no finzinho do dia...

Quinze para as cinco, momentos finais. Chegou um rapazinho estilo Gustavo Kuerten: cabelos iguais aos do tenista, aparência igual à do tenista, camiseta “Eu amo tênis”. Veio de muletas, com o pé machucado provavelmente em uma partida de tênis, e pediu gentilmente que eu verificasse sua sala de votação.

- Seu nome não consta... Você já votou aqui?

- Não, é a primeira vez que voto.

- E ao tirar o título, você não escolheu seu local de votação?

- Meu pai me disse que eu votava aqui... E agora ele foi votar em outra escola...

Ô, sossego! Sugeri:

- Telefone para esse número e informe seu CPF; lhe dirão onde você vota, apesar de estar quase se encerrando...

- Tem orelhão aqui?

- Sim, logo ali.

Lá foi ele. Ficou uns dez minutos no orelhão. Voltou com a maior tranqüilidade:

- Moça, por acaso não aceitam ligação a cobrar no cartório eleitoral?

Na próxima encarnação quero nascer sossegada assim.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Janis no UOL




A Janis saiu na galeria de fotos dos mascotes da semana; não é que a SDR (pra não chamar de vira-lata, né) faz sucesso?


http://www1.folha.uol.com.br/folha/galeria/album/p_20081002-bichos02.shtml