sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

De repente, 30



De repente mesmo. Ainda outro dia eu tinha 20 e pouco. Ainda outro dia eu era criança! E agora aqui estou, às vésperas dos 30. Tenho relutado, concordo: é impactante. Tanto que, como disse minha amiga, quando no sábado der meia-noite e chegar o meu aniversário, atrasarei o relógio em uma hora para ainda ter 29. É que acaba o horário de verão em São Paulo.

É muito estranho. Estranho comprovar que a vida realmente está passando. Pelo menos, assumi o controle de novo e, espero, agora é pra valer. Organização, disciplina, academia para reduzir os danos que o “pode tudo” dos 20 me causou. Você percebe a maturidade não por causa das contas que paga, das responsabilidades assumidas. Você percebe em pequenos hábitos alterados que pregam sustos.

Exemplo: odeio acordar cedo. Odeio, não consigo, sofro. Sempre fui adepta do horário alternativo no trabalho: entrava mais tarde, saía mais tarde. Acordava às 9h30. Então, um belo dia, cansei. Mudei de horário; hoje entro às 9h, acordo bem mais cedo. Achei que tivesse feito isso para fazer mais coisas ao sair do trabalho. Descobri que fiz porque estou ficando mais velha.

Outro exemplo: sempre achei a adolescência a parte mais interessante da vida. Ainda acho. Só não acho mais tão fácil ficar 10 minutos ao lado de um grupo de adolescentes. E o pior: se tiverem menos de 15 anos, me chamarão de tia.

Às vezes, algumas roupas que eu usava ficavam muito legais pela sobriedade, pois contrastavam com a minha idade. Hoje, essas roupas não só me denunciam como ainda me fazem parecer mais velha.

Isso sem contar que eu ainda gosto de comprar CD’s; esse negócio de tudo virtual não tem tanta graça para mim. Resquícios de quem ganhava discos de vinil nos aniversários dos anos 80.

Pois bem, os 30 chegaram. E podem vir os 40, 50, 60... Quando eu era criança, me imaginava aos trinta num mundo futurista, às portas de 2010, fazendo mil coisas, sendo alguém importante. Até que o mundo é meio futurista, faço mesmo mil coisas, mas não sou ninguém importante. Quero dizer, se 4 ou 5 pessoas me consideram importante, já é uma grande conquista nessa vida. Isso contando a Janis, que não é bem pessoa, mas tenho certeza que para ela eu sou a fantástica criatura que lhe serve sua ração e atira a bolinha.

Mesmo que fossem 87 anos: adoro aniversários. E enquanto escrevi e mais um pouquinho de vida passou, um simpático tatu-bolinha percorreu toda a sala. Você se pergunta o que tem a ver? Deve ser a idade que já está me fazendo misturar as coisas.