Passeando em Ilhabela com a família. Resolvemos tomar sorvete no centro da cidade. Eu dirigia. Verão, muita gente, difícil achar uma vaga para estacionar. Eis que surge uma, onde cabia um carro certinho. Pensei duas vezes. Eu sei fazer baliza sim, mas exatamente como aprendi na auto-escola: com aqueles cabos de vassoura de marcação, não entre carros. Afinal, a gente não aprende desse jeito ao tirar carta. Como já rodáramos muito, resolvi tentar.
Baliza não é baliza sem platéia. A vaga era em frente a um ponto de ônibus cheio de gente, claro. Primeira tentativa. Nada.
Segunda tentativa. Nada.
Terceira tentativa. Umas cem calorias a menos. Nada.
Mãe, irmã e sobrinha no carro dando palpites. Até que minha mãe, que não dirige, resolveu ajudar, oferecendo-se para descer e orientar a manobra.
- Tá longe ainda, mãe?
- Tá chegando perto... mais um pouquinho... para!
Ia pra frente:
- Para, para, tá encostando...
Pra trás:
- Paaaara, vai bater!
Não era possível. Por mais que eu não tenha noção de espaço, eu sabia que dava para o carro entrar. Desci, sob os olhares sorridentes do pessoal do ponto.
- Mãe, tem meio metro pra eu encostar no carro de trás!!!
- Eu só estou te avisando com antecedência para que você não bata...
Mãe prevenida ao quadrado. Combinei com ela que era para me avisar só se encostasse. Depois de mais umas duzentas calorias perdidas e a tonificação dos músculos dos braços graças à ausência de direção hidráulica, consegui. As pessoas no ponto quase me aplaudiram.
Descemos; coloquei trava, alarme, carranca... E vi uma senhora se aproximar de nós. Ela calmamente pegou uma chave da bolsa, abriu o carro que estava na frente do meu, sentou-se, ligou o motor e foi embora. Não tive coragem de olhar para o pessoal do ponto de ônibus...