segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Idiossincrasias de um cão

Janis tomando um solzinho...


Ao contrário do que muitos pensam, cuidar de um cão é fácil. Exige um pouco de paciência e disponibilidade (que nem precisa ser tanta assim). Financeiramente, também não é muito traumático: gasta-se mais com vacinas no começo, mas se for um cão pequeno, o gasto com alimentação e antipulgas é relativamente baixo.

Isso tudo para um cão comum. Em se tratando de Janis, meu exótico exemplar, as coisas mudam um pouco. Quando filhote, tentava-se de tudo para que o jornal fosse aceito como único banheiro. Qualquer filhote passa por isso, mas a teimosia dela foi um desafio para mim. Tentei o tapetinho higiênico. Ela adorou arrastá-lo pela casa. Tentei o Pipi Dog. Às vezes funcionava, sempre que eu colocava as gotinhas no jornal ela ia cheirar e funcionava meio que como rapé, para ela ficar espirrando. Só usava o jornal uma ou duas vezes. Aí tentei o efeito inverso: borrifar o Bad Place pela casa toda, um produto que garante repelir o cão quando ele quiser fazer necessidades. Se a Janis pudesse rir disso, ela riria. Então tentamos a psicologia canina: repreender toda vez que ela se esquecesse do jornal. Quase funcionou, mas criou nela um hábito no mínimo estranho; até hoje, quando ela faz alguma coisa errada, ela não espera mais bronca e se autocastiga, indo se esconder atrás do sofá e ficando lá por muito tempo. É só a Janis sumir e já sabemos que alguma coisa aconteceu.

O que funcionou mesmo foi o bifinho, santo bifinho. Para quem não sabe, é aquela tirinha de carne com um cheiro meio nojento, bem parecida com a que se vende para humanos no caixa do supermercado. Cada vez que ela usava o jornal, ganhava um bifinho. E criando-se uma relação de interesse, consegui fazer com que ela adotasse um único banheiro. Às vezes ela ainda falha, mas me poupa o trabalho de castigá-la graças ao autoflagelamento.

Dependendo da raça, atenção é fundamental. No caso da Janis é vital. Quando chego em casa, sou recebida com pulos de 1,50m de altura. Se não converso logo com ela, começa a chorar. Ah, mas se demoro pra chegar também... aí sofro retaliação. Encontro o jornal-banheiro todo picado, mas picado em pedacinhos bem pequenininhos, como se fosse uma mensagem: "Tá vendo, você demora, eu fico ansiosa!". E antes mesmo que eu lhe diga um oi, ela corre para trás do sofá para se castigar.

A Janis também tem suas manias. Estranhas, diga-se de passagem. Como a de se sentar onde alguém acabou de levantar, no melhor estilo "foi passear, perdeu o lugar". Ela gosta de jogar seus brinquedos em lugares que não consegue alcançar, e fica chorando até que alguém os pegue. Para em seguida jogar de novo. Se estamos fazendo qualquer coisa que não seja lhe dar atenção, ela adota duas táticas. Uma é sentar-se no colo de alguém, de modo que nenhuma outra atividade possa ser realizada. A segunda é vir com uma das suas bolinhas. Não é necessário puxar a bolinha da sua boca. Ela mesma agarra o braço do escolhido, fica batendo a bolinha na mão e rosnando. Sem que se mexa o braço! Além de autocastigante, é um cão autobrincante também.

Há ainda as palavras proibidas. Não se fala perto dela os verbetes "passear", "vamos" e "rolê" (pois é, alguém ensinou gíria à cadela). Isso é catastrófico. Ao ouvir tais palavras - assim como ao ouvir o interfone - ela incorpora o diabo-da-tasmânia e parece enlouquecida, correndo pela casa toda, chorando, latindo e pulando. Não crendo que ela reconhecesse palavras, fiz uns testes, dizendo outras coisas no mesmo tom de voz que diria "vamos passear". Ela não reagiu. Aí comecei algumas experiências: nomeei cada um dos seus brinquedos e, se ela os trouxesse corretamente quando eu pedisse, ganhava um bifinho. Hoje, sem bifinho, é como se ela entendesse perfeitamente a linguagem humana. Fora alguns truquezinhos, como sentar, deitar e rolar. Às vezes ela ainda se atrapalha e, na tentativa de ganhar um premiozinho qualquer, ela deita, rola e senta quase simultaneamente a um único comando.

Janis tem cara de cão maluco. Se houvesse um hospício para cães, poderia se dizer que ela fugiu de lá. Como eu disse no início, não é complicado cuidar de um cachorro. Basta ter paciência a cada almofada destruída, a cada meia encontrada nalgum esconderijo secreto, a cada xixi no lugar errado. Descobre-se que ela existe se, cinco minutos depois de querer dar um Red Bull ao bicho para jogá-lo pela janela, não for possível resistir ao seu olharzinho triste e manipulador. Mas já vou avisando: pelo menos finja por um tempinho que esse olhar não o domina. Se o cão perceber o próprio poder, aí seu dono está perdido...
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20 comentários:

N.Lym disse...

Oiiiiiiii!! É simpática a Janis!!=DD
Tenho três gato siameses!! Mas gosto mais do primogênito, Bono Vox, que tem 11 anos.=]
Estava dando uma geral aqui no seu blog!! Tu escreves bem, moça!! Gostei mesmo daqui!!
=D

N.Lym disse...

Ah!! Agora que vi seu coment no meu, hihih!!!^.^ É q separo todos os blogs q vou comentar pra ir de um em um com calma depois que posto o link do meu no orkut!=D Por isso q demorei a pssar por aqui!

Lara Sousa disse...

Oii, desculpa a demora é que minah conexão caiu e só voltou agora;

Eu não tenho sorte com cachoros, ja tive mais de 15 e a maioria morreu atropelado, o oficil eu ganhei qnd eu tinha 1 anos ele morreu ano passado com 14 anos, mas eu nunca vou squecer dele, aquilo é que era companheiro de verdadei, eu tenho um chamado Benk eu tbm adoro ele.

beeijO

Hélio disse...

Ter um caozinho deve ser bom demais!
Poder brincar com ele dentro de casa e tal.

Digo isso pois já tive um cao,
se diz: "rotvailer" mas nao é assim que se escreve, por isso perdoe o erro.

Lendo as artimanhas da Janis, lembrei que o meu nao me obdecia em nada!
Aí um dia eu descobri que nunca
se deve mexer na comida de um cachorro, principalmente se ele estiver comendo!
Haoiehaoeihaeoi

Quantos anos ela tem?

Adoro como voce descreve / escreve
sobre as coisas! =D

Bjooo!

Jonatas Fróes disse...

Adorei seu texto, me lembrou muito do livro Marley & Eu. Sua Janis é um mini Marley. Ela tem seus problemas, mas é adorável e faz uma falta tremenda se está ausente.

Acho que todos os cães tem suas manias, mas só os bons donos as percebem.

;*

http://musica-holic.blogspot.com/

Karina disse...

Não li o livro Marley & Eu, mas soube que faz o maior sucesso. E a Janis, quando estou longe, faz a maior falta sim...

Fábio Melo disse...

Pelo visto você se perdeu mesmo =P

Você não se sente estranha de ver que muitas vezes o cachorro tem mais personalidade que seu irmão, ou primo?

Eu me sinto =P

___________________________________
Pois Bem...

Anônimo disse...

poooooooooo!
eu ADORO caninos!
cachorros são meus primos q adoro^^
normalmenrte todos se dão bem comigo e me amaaaaaarro em brincar com eles, a mordê-los tb qndo brincamos^^

acho q o lance é tratá-lo como igual! sempre funcionou em casa ahhahahaha

achei maravilhosa a descrição do seu cachorro!
=D
tenho um filho Chihuahua (Boris) e a mãe dele é minha namorada! ele tb é auto-brincante hahahaha
xD

abraços.

Lê Stabiili disse...

ahhhhh....
que linda a Janis!!!
Poxa é lindo o modo como vc fala dela!!!
adorei..
Qto amor!!!

emocionante!!!
Gostei do blog..vou passar por aqui sempre!!!
Um grande abraço e boa noite!

Thaís disse...

eu ñ acho fácil ñ
cachorro da muito trabalho
mas quando eu for morar sozinha vou ter um

Jonatas Fróes disse...

E ai Karina, beleza???

Respondendo ao seu comentário:

Pode adicionar sim. Adicionarei o seu link por lá também, assim sempre que puder dou uma visitada e não deixo seu blog cair no esquecimento, além de estar divulgando ele indiretamente hehe

;*

Caio Rudá de Oliveira disse...

Adorei as histórias do seu cão. Gosto muito desses animais. Uma pena que o de minha mãe não seja tão legalzinho assim.

Olha, Pavlov ficaria com inveja desses experimentos com seu cão. Fantásticos hehe

'Há ainda as palavras proibidas. Não se fala perto dela os verbetes "passear", "vamos" e "rolê"'
Incrível. Luque, o cachorro de minha mãe, não pode ouvir a palavra rua que fica maluco também. Começa a pular em cima de quem a profere e a correr. Vai até a coleira que fica pendurada e late, como que quisesse mostrá-la. É um terror.

E também, o título do blogue vem daquela música do Pink Floyd, Brain Damage?

Anônimo disse...

Olá, Gostei do seu Blog, te achei pelo QL da Rosana Hermann, vou dar uma olhadinha em todos. bj

Anônimo disse...

Fiquei apaixonada pela Karina.
Descobri seu blog através do QL e valeu a pena.

Caio Rudá de Oliveira disse...

Pode ficar à vontade pra adicionar, divulgar, citar, comentar, o que quiser :D

Ah, se tivesse descido até o final teria sabido da origem do nome...

Bem, meu fanatismo vai além. Pra mim, é a maior obra-prima de todas as artes hehehe

Unknown disse...

Karina, dizem que o cão é sempre "a cara" do dono. Se for, ô geniozinho, hem?
Abraços!

Gabriel Leite disse...

Ah eu amo cachorro e acho que mesmo se eles acabassem com a nossa vida, ainda assim valeria a pena!

Eu tenho um Cocker Spanil e falo dele frequentemente no meu blog. Mas parece que ele é um pouco mais obediente que a Janis (é da jenis Joplin, né?)

Te aconselho um livro: Marley & Eu. Já leu?

Todo dono de cachorro deveria ler. É maravilhoso e divertidíssimo.

Beijos

Ane disse...

Hehe... adorei sua cachorrinha!!
Lembrei do Livro "Marley e eu". Já le? se ainda, não, vale à pena!!

E cachorro é tudo de bom, não é mesmo??

Abraços!

christian disse...

muito bom o texto, atraente para o leitor

christian

Leonardo disse...

Minha cadela era doidinha como a Janis.....

Abraços!