quinta-feira, 17 de julho de 2008

Crepúsculo



Eu já vi muitos crepúsculos bonitos, mas esse, além de apreciar, pude ter a alegria de fotografar. Sempre são exóticos no outono e começo do inverno, em parte até por causa do ar seco e da poluição. Nesse, as nuvens contribuíram, formando um espetáculo maravilhoso. Isso me lembra um soneto do Olavo Bilac, "Vila Rica":


O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;
Sangram, em laivos de ouro, as minas, que ambição
Na torturada entranha abriu da terra nobre:
E cada cicatriz brilha como um brasão.

O ângelus plange ao longe em doloroso dobre,
O último ouro de sol morre na cerração.
E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
O crepúsculo cai como uma extrema-unção.

Agora, para além do cerro, o céu parece
Feito de um ouro ancião, que o tempo enegreceu...
A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,

Como uma procissão espectral que se move...
Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...
Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.






5 comentários:

Hélio disse...

Poxa vida, como essa foto ficou
linda!

Momentos que duram alguns minutos
agora estao eternizados, pra sorte nossa. =D

Quanto ao soneto, sou uma topeira
pra entender.

Beijo e obrigado pelo comentário no meu blog.

Karina disse...

É, tenho que admitir... conheci esse soneto numa aula, e olha que foi uma hora e meia pra gente entender tudo... dá-lhe dicionário!

Daniel disse...

Tentei decifrar o que voce segura na foto: cachorro? Cabrito? Um pouco desfocado, mas interessante.
Beijos de Londres.
Daniel
www.sembolso.blogspot.com

disse...

Esse tom avermelhado nos faz esquentar e nos prepara para um dia/noite aconchegante.
Perfeito
e
Viva Olavo Bilac
Sempre

Bjs

Anônimo disse...

sou facinada pelo por do sol!
vira e meche estou fotografando também! xD