sexta-feira, 25 de abril de 2008

É tudo verdade


Eu não costumo escrever neste blog como se fosse um diário; aliás, nem era essa a minha intenção ao criá-lo. Mas as minhas últimas horas têm sido tão inusitadas que não posso deixar de postá-las aqui.

Bom, a começar minhas últimas 24 horas têm sido 48. Explico: não dormi de ontem pra hoje corrigindo textos (até dormi, mas uma hora não conta). Para mim, um novo dia só começa depois que eu durmo, não importa a que horas. Então, por volta das 21h30 da última noite ocorreu o primeiro fato desta série.

Voltava eu da academia (um capítulo à parte, a ser escrito em breve) de bicicleta. Fui fazer pouca coisa, porque ainda precisava trabalhar. Num trecho escuro da rua, não consigo desviar e cometo aquilo que, por si só já é dificílimo de acontecer: atropelei um rato com minha bicicleta. O agravante, porém, que torna a situação mais incomum ainda, é que não se tratava apenas de um rato - eram dois ratos. Como um deles já estava, digamos, meio acidentado antes de eu passar, o outro resolveu prestar-lhe auxílio. Não contava, no entanto, o pobre coitado com o infortúnio do destino: a minha desastrosa passagem por cima deles (e com os dois pneus!).

O segundo fato deu-se depois da minha virada cultural antecipada (a parte em que fico acordada até às 6h30 corrigindo os textos). Dormi sonhando com a hora de acordar, pois eu deveria estar no metrô às 8h30 para entregar os textos. Quando eu me arrumei, peguei a bicicleta para poupar tempo e chamei o elevador, descobri que este não estava funcionando. Sem problemas, há outro. Inoperante! Levei alguns segundos pensando se largava a bike e ia a pé, porém eu tinha poucos minutos e cometi a insanidade: desci oito andares pelas escadas com a bicicleta junto. Querer ser uma garota fitness tudo bem, mas isso já era exagero. O que sobrou de mim já estava no primeiro andar e o temporizador da luz começou a piscar. Sem um interruptor por perto, fiquei no escuro e cheguei ao térreo com uma pequena coleção de hematomas e ferimentos. Abro a porta para a luz e vejo a moça da faxina, apontando na direção do estacionamento e me perguntando:

- Moça, você sabe de quem é aquele gato?

O gato. Olhei para ele e surgiu o pânico: lindinho, branquinho, pequenino e estatelado no chão, sangrando um pouco. Respirei e disse à moça que, voltando do metrô, eu a ajudaria a descobrir o dono do gato. Ao retornar, comecei a saga: interfonei para alguns donos de animais e perguntei a alguns passantes. Ninguém sabia de quem era o bicho. Resolvi telefonar para os Bombeiros, mais para me informar sobre quem deveria procurar do que esperando que um carro do resgate, absurdamente, viesse socorrer o moribundo. Os bombeiros me indicaram aquele fantástico disque-tudo da prefeitura para falar com o pessoal do Centro de Zoonoses. Depois de tentar, esperar, a ligação cair e começar tudo de novo umas três vezes, larguei o telefone e fui para perto do gato. Ao menos ele não morreria sozinho, pensei, e fiz-lhe um afago. Então ele começou a miar, coitado, e não agüentei: fiquei ali chorando junto com ele. Algumas pessoas apareceram por causa dos miados, e com a ajuda de uma criança, finalmente descobrimos de quem era o gato: de um morador do quinto andar! Interfonei no apartamento, avisei os moradores; desceram crianças, avó, bisavó e disseram que o dono, dono mesmo, vinha do trabalho para salvar o bicho. Ainda chorando, vi o rapaz levá-lo ao veterinário; mesmo imaginando que seria só para o sacrifício, fiquei um pouco aliviada por acabar com aquele sofrimento.

Voltei para casa, com aquela frustração de quem quase fez faculdade de medicina veterinária, mas desistiu por não gostar de sangue, e rolou aquele momento superpiegas: agarrei o diabo-da-Tasmânia Janis e agradeci por eu ser uma pessoa que não a deixa passar da lavanderia para a sala pelo parapeito externo da janela.

E em seguida o momento bilhete único, passaporte para o inferno!

Indo para o trabalho (o outro!), tomei o bom e velho Step-bus: você, por apenas R$ 2,30, locomove-se pela cidade e pratica uma aula de step! A moderna tecnologia pensada para os portadores de necessidades especias produziu um coletivo em que você: a) sobe os degraus e entra; b) desce os degraus e paga a passagem; c) sobe os degraus e procura um banco e d) desce os degraus a sai. Ou qualquer coisa do gênero. O próximo fato se deu quando eu estava na parte mais alta, levantando-me do banco para descer.


Nós já estávamos de pé, eu, minha bolsa e minha mochila e de repente sinto um abraço em minhas pernas, tentáculos quase me derrubando escada abaixo. Quando me reequilibro e olho, um sujeito, inicialmente sentado, despencou após uma curva, agarrou-se em minhas pernas e levou à boca uma camiseta(!) - gesto este que fez com que eu me desvencilhasse rapidamente, pois imaginei que ele fosse vomitar. Ainda sem entender bem o acontecido, ouço o rapaz pedir mil desculpas; estava dormindo, caiu com a curva, desculpa, desculpa. Eu lhe disse que quase me fez cair, que eu poderia ter me machucado nos degraus, e, fora do ponto, ele pediu ao motorista para descer. O motorista abriu a porta; a criatura passa por mim e fala:

- Desculpa, mas valeu, hein, princesa!

Valeu o quê? O meu mico? Todos os passageiros me olhando? Cheguei a cogitar que ele fez isso de propósito. Afinal, num dia de 48 horas em que ratos se jogam na frente de bicicletas e gatos pulam do quinto andar por falta de elevador, nada de mais um sujeito se jogar aos meus pés, mesmo que isso tenha se parecido mais com uma tentativa de assalto do que com um arrebatamento por minha beleza...

3 comentários:

Hélio disse...

Caramba! Conseguiu atropelar?
De bike ainda? Haoeiheaioeahoi
Pode jogar na loto que vai ganhar, fácil.

Coragem descer com ela no escuro!
Mas nao tinha jeito nao é mesmo!

Rídiculo, R$ 2,30 pra andar em pé
nun calor do inferno e pra
piorar encontrar com essas "criaturas" oieahoieaheaoi =]
Por isso, quando morava no Brasil
resolvi adotar a bike como meio de
transporte!

O único problema é chegar no destino todo molhado e fora que quase nenhum FDP te respeita no transito! Tirando isso é só vantagem!

E como voce conseguiu ficar tanto tempo acordada? Caramba, eu nao aguento nem virar a noite, quanto mais virar e ir trabalhar! Hahah, engraçado, comigo é a mesma coisa, o novo dia só começa depois de dormir.

"-...valeu, hein princesa!"

Haeoieahoieaheaoiah brincadeira.
Besos! =]

Anônimo disse...

ahauishauhasuheuehuahsuehu!
Mas que dia iluminado por Murphy, hein?! shiejeeiajnias,edk,lv...

Meu, se fposse eu, MATAVA este infeliz que agarrou na minha perna... ah, mas do jeito que eu sou pavio BEM curto, já xingava ele! heuheuheu

Beijos!!!

::Mari::

Anônimo disse...

O texto todo está show, mas vou falar especificamente da parte do ônibus.
Sabe o que eu mais odeio nesses ônibus novos, com esse bando de degraus absurdos? Eles realmente fazem uma integração, transformando quem não é deficiente em um, pois a probabilidade de você se quebrar todo caindo deles é muito grande.
Ou, sei lá, talvez a idéia seja descobir novos talentos para o 'Cirque du Soleil', formando toda uma nova geração de equilibristas performáticos.
Fala sério! Ninguém merece...